domingo, 24 de abril de 2011

E então, ela estava lá. Como eu sempre imaginei. Não! Melhor ainda.

Linda com os cabelos ao vento, um olhar inocente e um sorriso de felicidade plena. Dançava ao vento no som das batidas das ondas, e de longe, podia ver seus lábios se moverem numa deliciosa frase: “eu te amo. Pra sempre, e sempre, e sem...”

Quando acordei senti meus olhos pesados e embaçados, pude então perceber que havia lágrima neles.

Mas não podia fazer mais nada.

Quando a conheci, minha vida mudou. Eu era um cara fútil, covarde. Fazia as maiores atrocidades e nunca me importava com as consequencias dos meus atos nas pessoas. Foi graças a ela que eu pude me enxergar de verdade.

Me lembro que quando a vi, a desejei por um momento, mas quando ela foi embora a desejei pra sempre, e quis, como nunca antes, tê-la em meus braços me sussurrando frases de amor.

Se hoje posso me dizer homem, é porque um dia ela me fez assim. A amei, mais que tudo, mais que a mim.

A lua só brilhava se fosse vista através de seus olhos.

Eu a amei, eu ainda a amo!

Quando a pedi em namoro, achava que era tudo muita loucura, mas vi que isso não era nada quando a pedi em casamento. Ah! nesse dia o bobo era eu. O melhor restaurante, a melhor musica, o melhor vinho, a minha melhor dedicação, para enfim, dar-lhe o anel. Que mesmo das melhores lapidações não tinham o brilho e a beleza do rosto dela ao recebê-lo. Foi aí que me dei conta. Me dei conta da responsabilidade que estava assumindo, me dei conta do quão louco estava sendo, me dei conta que talvez não estivesse preparado. Mas, me dei conta do amor. Aquele que me largava adrenalina no sangue, que me fazia hesitar, tremer, e sorrir. Aquele que eu só sentia com ela.

No casamento, a musica que tocava era regida pelo pulsar dos nossos corações. E foi ali, no momento em que dançávamos juntos depois do sim, que eu pude ver, que qualquer despreparo, qualquer medo podia ser vencido com ela, e nunca poderiam vencê-la.

Dei tudo de mim por ela, por nós.

Meu trabalho, que antes dela não pensava em ter, era a base para nossa vida bem estruturada.

Eu era um cara bem sucedido. Todas as noites que voltava para casa, um pouco tarde, sim, mas eu já ia sempre direto na cama acordá-la com um beijo, e depois nos amávamos, como se fosse a ultima vez. Um misto de amor e desejo nos invadia, e ali, eramos felizes. A principio achei maldade acordá-la tão tarde, mas ela nunca me pareceu não gostar, visto que durante o dia nos falávamos e viamos pouco. Aos finais de semana, é que eu dava duro mesmo, para poder enfim presenteá-la sempre, dos mais ricos presentes, e todo conforto que uma princesa merece. E a empresa também não dava lucro sem mim, e sem lucro na empresa, sem lucro meu. Então dava duro mesmo, mas é porque queria que ela tivesse o que de melhor pudesse ter.

Há uns 3 meses atrás ela me pareceu um pouco triste, não sei ao certo o que era. Sempre que perguntava ela me dizia que eram bobagens de mulher. Vez ou outra disse que queria tirar um final de semana inteiro só comigo, “afinal havia dois anos em que nos casamos e desde então eu só trabalhava”, nunca disse isso em tom de reclamação. E se assim o sentia, sabia disfarçar bem. Sentia nela muito amor, muita dedicação, mas pouca disposição. Achei que pudesse estar doente. Insisti para que fosse se consultar, mas ela sempre me dizia que não precisava disso, que estava tudo sobre seu controle.

Sempre muito linda, apesar da expressão de exaustão. Uma vez, não me lembro bem como tudo acontecera, foi muito confuso, mas quando cheguei em casa, pude perceber pelos olhos e nariz inchados e vermelhos que havia chorado. Ao me ver só me abraçou e me fez prometer que nunca a deixaria. De pronto prometi, afinal, eu a amava. E mais uma vez comentou seu desejo de tirarmos um momento para nós, mas como sempre eu disse que estava providenciando isso, quando na verdade, nem pensava de fato.

Minha mãe, um tempo depois desse acontecido, se viu na obrigação de me dizer que tivera uma conversa com ela. E que ela lhe parecera muito mal. Sentia-se abandonada. embora me amasse muito, sentia-se farta de estar sempre sozinha. Mas nunca me dizia porque não queria me atrapalhar no trabalho, que parecia me realizar por completo e, afinal eu já lhe havia prometido que viajaríamos em breve. Conhecendo-me sempre, minha mãe fez-me perceber o abandono em que a deixei, e eu senti muito por tê-la feito sofrer. De imediato comecei a organizar nossa viagem de não mais 3 dias, mas uma semana, em um lugar qualquer em que pudéssemos ficar a sós acompanhados pelo nosso amor.

Fiz surpresa até o ultimo momento e também não lhe fiz saber do meu conhecimento da conversa que tivera com minha mãe.

Naquele sábado a acordei com um lindo café e disse que não iria trabalhar, ela logo me perguntou se estava me sentindo bem, eu radiante apenas sorri para ela. Já tinha arrumado uma mala com tudo de mais necessário meu e dela, arrumado o carro e pedi gentilmente que ela se arrumasse que precisávamos sair. Sem entender muito bem ela assim o fez, entramos no carro e começamos a rodar a caminho do aeroporto. Eu a olhei como um jovem apaixonado e vi seus olhos enxerem de lágrimas. Pensei que ela começasse a entender, mas sua expressão mais me pareceu de tristeza, de solidão, como se ela não conhecesse o homem que estava ao seu lado. Aquilo me envolveu numa profunda tristeza e auto repugnância, comecei a pensar e tentar entender como me deixara chegar a tal ponto. Entrei na minha memória e me perdi por lá, quando dei por mim, só vi a luz. Uma forte luz e um estrondante som. Era meu carro invadindo a pista contrária e um caminhão em altíssima velocidade. Me senti morrendo a cada segundo que se passava. Mas não era eu. Era meu amor, que se esvaia naquele banco de carro contorcido, que voara e capotara estrada a fora. Eu imóvel pude ver sua respiração enfraquecer. Seus olhos me olhavam, e me suplicavam por vida, por amor. Eu segurei em sua mão e disse por favor fique comigo, porque eu te amo, e eu preciso de você pra viver. Não durma se não você perderá nossa viagem. Lembra? Você me pediu tanto, e eu estou aqui, te dando o seu desejo. Agora me dê o meu, fique comigo. Lute! Por favor lute por nós, pelo nosso amor. Mas acho que eu já desgastara todo amor que ela sentia por mim. Poque quando me dei conta, ela já tinha ido. E me deixara para trás. Já em soluços e lágrimas, ofegante que nem eu mesmo me entendia, nem ao menos consegui gritar por ajuda, somente desejava muito que tudo não passasse de um sonho, um pesadelo. Mas ela se foi, e nem ao menos soube que eu estava dando-lhe sua viagem tão desejada, devolvendo-lhe seu casamento, sonhos e expectativas que outrora lhe havia arrancado. Sim, porque por mais que ainda houvesse vida nela, já não existia consciência, essa, em vida, eu já tinha matado. Ela partiu sem saber minhas intenções, sem saber que tudo o que eu fiz foi pensando nela, ela se foi sem conhecer meu amor. Ah! o meu amor.

Minha querida, minha vida, eu nunca teria trabalhado, nunca teria trocado o amor pelo valor, nunca teria te deixado tão só, nunca teria me ausentado, eu nunca teria lhe tirado a vida. Eu seria seu do jeito que você queria, teria te olhado e te visto muito mais, talvez não precisasse te acordar tarde da noite, visto que estaria com você durante toda minha vida. Creia.. tudo que eu quis, foi te amar, para sempre, e sempre, e sempre...

come away with me .....

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Retificação

Me desculpe se te fiz ter uma ideia errada sobre mim. Se for o caso, a culpa é toda minha. Afinal, creio que, a menos que tenhamos uma arma letal apontada para nós, temos sempre o direito da escolha. Por mais que nos doa ou magoe, por motivos inúmeros que, não cabe aqui citá-los, penso que temos sempre uma segunda opção.

Ao meu ver, quando seguimos um princípio, devemos respeitá-lo e ponto. Não há meia verdade! Por isso, se seus pensamentos sobre mim, são equivocados, sou culpada por te deixar pensar assim. Sou humano, paciência, não acerto sempre.

Mas, quero que saiba que, meu maior desejo, no momento, é poder voltar atrás e te mostrar quem sou. Com meus princípios e escolhas do meu verdadeiro eu. Entre certo e errado, eu errei. Que Deus, por favor, possa me perdoar, e você também.


domingo, 2 de janeiro de 2011

Fernando Pessoa

Amigos, ainda…

Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas
jogadas fora,
das descobertas que fizemos, dos sonhos
que tivemos, dos tantos risos e
momentos que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da
angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim…
do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades
continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja
pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar, quem
sabe…nas cartas que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas
tolices…
Aí, os dias vão passar, meses…anos… até
este contacto se tornar
cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo….
Um dia os nossos filhos verão as nossas
fotografias e perguntarão:
“Quem são aquelas pessoas?”
Diremos…que eram nossos amigos e……
isso vai doer tanto!
“Foram meus amigos, foi com eles que vivi
tantos bons anos da minha vida!”
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes
novamente……
Quando o nosso grupo estiver incompleto…
reunir-nos-emos para um último
adeus de um amigo.
E, entre lágrima abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar
mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para
continuar a viver a sua vida,
isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo…..
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde
amigo: não deixes que a vida
passe em branco, e que pequenas
adversidades sejam a causa de grandes
tempestades….
Eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os
meus amores, mas enlouqueceria se
morressem todos os meus amigos!

Fernando Pessoa

eu sinceramente espero que conosco não acabe aqui.